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Escorpionismo na Amazônia: a epidemiologia, a clínica e a vulnerabilidade aos acidentes escorpiônicos em Rurópolis, Pará, Brasil (2020)

  • Authors:
  • Autor USP: CARDOSO, FERNANDA JACQUELINE TEIXEIRA - EE
  • Unidade: EE
  • Sigla do Departamento: ENS
  • Subjects: ESCORPIÕES; ENVENENAMENTO; SAÚDE PÚBLICA; VULNERABILIDADE; ENFERMAGEM
  • Keywords: Collective Health; Nursing; Poisoning; Saúde Coletiva; Scorpion; Vulnerability
  • Language: Português
  • Abstract: Introdução: O acidente escorpiônico é um grave problema de saúde no Brasil e, especificamente, no Oeste do Pará onde ocorre severo e agudo comprometimento neuromuscular, diferenciado dos demais acidentes no mundo. A ocorrência do escorpionismo na Amazônia carece de análise aprofundada sobre os contextos individuais e coletivos que estão envolvidos nos acidentes. Objetivo: Analisar os aspectos epidemiológicos e clínicos dos acidentes escorpiônicos ocorridos no município de Rurópolis, Pará, propondo uma matriz de marcadores de vulnerabilidade. Método: Estudo multimétodo com abordagens qualitativa e quantitativa, observacional, descritivo e prospectivo. Foi realizado acompanhamento em tempo real de 117 vítimas de escorpionismo atendidos no Hospital Municipal de Rurópolis, Pará, no período de outubro de 2016 a setembro de 2017. Os dados foram coletados a partir do questionário aplicado aos pacientes e acompanhantes, de registros dos prontuários e das fichas de notificação. A discussão dos dados foi feita à luz do conceito de vulnerabilidade tendo por referência teórica a Determinação Social do Processo Saúde e a Epidemiologia Crítica. Resultados: Homens, mulheres e crianças se acidentam em contextos e espaços diferentes. No entanto, os homens (75,20%), negros (84,62%), da faixa etária adulta (50,45%), agricultores (49,57%) são as principais vítimas. Os acidentes ocorreram nos meses de abril a junho (41,87%), em área rural (45,30%), no período matutino (41,02%), durante otrabalho (50,42%) e envolvendo escorpião preto (88,07%). A escorpiofauna do estudo foi composta por T. obscurus e T. strandi. Por meio da evolução clinica pôde ser verificado que seus venenos ultrapassam a barreira hematoencefálica, chegam imediatamente ao sistema nervoso central e causam disfunção cerebelar aguda. Entre os acidentados, um sofreu picada seca e os demais manifestaram sintomas locais (79,49%) e sistêmicos (82,91%), sendo que dor, parestesia e sensação de choque elétrico pertenceram às duas categorias. As manifestações neuromusculares (ataxia, disartria, mioclonia, dismetria, tremores e astenia), oftalmológicas (visão turva e hipotonia palpebral) e cardiorrespitarórias (hipertensão arterial e taquipneia) foram mais exuberantes. Os sintomas diplopia, sensação de areia nos olhos, disgeusia, espasmo faríngeo e convulsão são descritos pela primeira vez em escorpionismo na Amazônia. Os marcadores de vulnerabilidade coletiva e individual se entrelaçam e transitam nas dimensões. A vulnerabilidade coletiva foi evidenciada pelo modo de produção e reprodução social dos grupos, pela constatação da tríplice inequidade, além de fragilidades no serviço público de saúde em todos níveis hierárquicos que restringem o acesso à uma assistência segura e de qualidade. A vulnerabilidade individual se expressa nas características pessoais que conferem proteção ou desgaste e nas condições clínicas que predispõem ao agravamento. Conclusão: Aspectos sociais, econômicas, ambientais e deacesso às políticas públicas compõem marcadores de vulnerabilidade dos indivíduos ao acidente por escorpião. A disfunção cerebelar aguda, manifestações oftalmológicas, cardiorrespiratórias, digestivas e urinárias ocorrem em envenenamentos por escorpiões pretos e amarelos. O antiveneno disponibilizado no Brasil não é eficaz para reduzir o tempo de duração dos principais sintomas neuromusculares, podendo causar quadros alérgicos. O T. strandi também é um escorpião de importância clínica na Amazônia
  • Imprenta:
  • Data da defesa: 13.02.2020
  • Acesso à fonte
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    • ABNT

      CARDOSO, Fernanda Jacqueline Teixeira. Escorpionismo na Amazônia: a epidemiologia, a clínica e a vulnerabilidade aos acidentes escorpiônicos em Rurópolis, Pará, Brasil. 2020. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7143/tde-23022021-121102/. Acesso em: 23 maio 2024.
    • APA

      Cardoso, F. J. T. (2020). Escorpionismo na Amazônia: a epidemiologia, a clínica e a vulnerabilidade aos acidentes escorpiônicos em Rurópolis, Pará, Brasil (Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo. Recuperado de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7143/tde-23022021-121102/
    • NLM

      Cardoso FJT. Escorpionismo na Amazônia: a epidemiologia, a clínica e a vulnerabilidade aos acidentes escorpiônicos em Rurópolis, Pará, Brasil [Internet]. 2020 ;[citado 2024 maio 23 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7143/tde-23022021-121102/
    • Vancouver

      Cardoso FJT. Escorpionismo na Amazônia: a epidemiologia, a clínica e a vulnerabilidade aos acidentes escorpiônicos em Rurópolis, Pará, Brasil [Internet]. 2020 ;[citado 2024 maio 23 ] Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7143/tde-23022021-121102/

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